sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

QUINTAS DE BAMBAS NO BECO



(Uma noite suave como a Brisa)

Por: Claudio Fernando Ramos – Natal-RN, 18/01/2013. Cacau “:¬)

O pessoal do Brisas do Tempo, Natal-RN. Cacau ":¬)

DIFERENÇA! É isso o que ocorre quando se está no samba! Nesse universo todo particular, nada assemelha- se ao que se está acostumado a ver, conviver e viver por aí. É bastante comum que o inusitado apresente-se em qualquer evento, convidado que seja ou não. Porém, o mesmo não ocorre com a intuição, a criatividade e a inteligência. Essas necessitam de quem as convide; educadas que são, não envergonham nem se deixam envergonhar por ninguém. Se não desejadas, não aparecem! O vulgo, modernamente conhecido como as massas, desconhecem essa formidável tripla existência; na verdade, desconfio que nunca foram apresentados. Para esses (a plebe), qualquer pirotecnia (o que é mais interessante: o palco cheio de tecnologias, ou artista que sobre ele está?), refrões (refrãos) tipo “chicletes” (daqueles que basta ouvir uma vez e nunca mais esquece) e dançarinas sensuais e seminuas (mais uma vez o artista é preterido), são mais que o suficiente. O samba quebra essa tendência. Eis aí a diferença! Mesmo com a esporádica presença do inusitado, o que conta de fato são as outras figuras ilustres já citadas, as etéreas: intuição (o que fazer), criatividade (como fazer) e inteligência (porque e para que fazer). Situações semelhantes a esta, só vislumbro entre os adeptos de gêneros marcantes, tais como: o Blues, o Jazz, o Reggae, a Bossa Nova, o Rock (das décadas de 60 e 70)...   Não há modismos (modinhas, no jargão da Geração Y *)! Todavia, a alegria, a satisfação e o prazer, em nada ficam comprometidos.



Mais uma vez tudo isso desfilou, apoteoticamente, ontem à noite, em um dos mais tradicionais redutos da boemia natalense. Sob o contagiante ritmo de um dos mais distintos grupos de samba da cidade – Brisas do Tempo; o Beco da Lama teve seus dias de glórias restaurados (pena que música ainda não pinte e reforme paredes, nem ilumine e limpe ruas). Por conta do talento dos músicos, os presentes foram aos poucos sendo transformados: de ilustres espectadores em apaixonantes e apaixonados protagonistas. Foi interessante constatar que até quem não é de sambar sambou (alguns pagodeiros presente, diferentemente do que fazem em seus shows, tomados de um incomum entusiasmo sambista, também prestigiaram o momento)!



Enquanto os gestores da coisa pública optam por esquecer o papel cultural da cidade,  e, consequentemente, relegam espaços como o Beco da Lama ao solitário abismo do ostracismo; nós (amantes da boa música) continuaremos a nos esforçar para que o Beco, em contra partida, nem tome consciência da existência dos mesmos; efêmeros servos da politicagem. Povoamos e continuaremos a povoar, por sucessivas quintas feiras, esse esquecido, mas glamoroso espaço.  E, certamente, poderemos continuar contando com o carisma, o bom gosto, a singularidade e o suave frescor, do grupo de samba: Brisas do Tempo. Cacau “:¬)

*Artigo sobre a Geração Y disponível em: http://znfilosofica.blogspot.com.br/2013/01/geracao-y-e-z_5814.html?spref=fb

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