(Uma noite suave como a Brisa)
Por: Claudio Fernando Ramos – Natal-RN, 18/01/2013. Cacau “:¬)
O pessoal do Brisas do Tempo, Natal-RN. Cacau ":¬) |
DIFERENÇA! É isso o que ocorre quando se está no samba!
Nesse universo todo particular, nada assemelha- se ao que se está acostumado a
ver, conviver e viver por aí. É bastante comum que o inusitado
apresente-se em qualquer evento, convidado que seja ou não. Porém, o mesmo não
ocorre com a intuição, a criatividade e a inteligência.
Essas necessitam de quem as convide; educadas que são, não envergonham nem se
deixam envergonhar por ninguém. Se não desejadas, não aparecem! O vulgo,
modernamente conhecido como as massas, desconhecem essa
formidável tripla existência; na verdade, desconfio que nunca foram apresentados.
Para esses (a plebe), qualquer pirotecnia (o que é mais
interessante: o palco cheio de tecnologias, ou artista que sobre ele está?), refrões
(refrãos) tipo “chicletes” (daqueles que basta ouvir uma vez e nunca mais
esquece) e dançarinas sensuais e seminuas (mais uma vez o artista é
preterido), são mais que o suficiente. O samba quebra essa tendência. Eis aí a
diferença! Mesmo com a esporádica presença do inusitado, o que
conta de fato são as outras figuras ilustres já citadas, as etéreas: intuição
(o que fazer), criatividade (como fazer) e inteligência
(porque e para que fazer). Situações semelhantes a esta, só vislumbro entre os
adeptos de gêneros marcantes, tais como: o Blues, o Jazz, o Reggae, a Bossa Nova,
o Rock (das décadas de 60 e 70)... Não há modismos (modinhas, no jargão da
Geração Y *)! Todavia, a alegria, a satisfação e o prazer, em nada ficam comprometidos.
Mais uma vez tudo isso desfilou, apoteoticamente, ontem à
noite, em um dos mais tradicionais redutos da boemia natalense. Sob o
contagiante ritmo de um dos mais distintos grupos de samba da cidade – Brisas
do Tempo; o Beco da Lama teve seus dias
de glórias restaurados (pena que música ainda não pinte e reforme paredes, nem
ilumine e limpe ruas). Por conta do talento dos músicos, os presentes foram aos
poucos sendo transformados: de ilustres espectadores em apaixonantes e
apaixonados protagonistas. Foi interessante constatar que até quem não é de
sambar sambou (alguns pagodeiros presente, diferentemente do que fazem em seus
shows, tomados de um incomum entusiasmo sambista, também prestigiaram o momento)!
Enquanto os gestores da coisa pública optam por esquecer o
papel cultural da cidade, e,
consequentemente, relegam espaços como o Beco da Lama ao solitário
abismo do ostracismo; nós (amantes da boa música) continuaremos a nos esforçar
para que o Beco, em contra partida, nem tome consciência da existência
dos mesmos; efêmeros servos da politicagem. Povoamos e continuaremos a povoar,
por sucessivas quintas feiras, esse esquecido, mas glamoroso espaço. E, certamente, poderemos continuar contando
com o carisma, o bom gosto, a singularidade e o suave frescor, do grupo de
samba: Brisas do Tempo. Cacau “:¬)
*Artigo sobre a Geração Y disponível em: http://znfilosofica.blogspot.com.br/2013/01/geracao-y-e-z_5814.html?spref=fb
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