Por: Claudio Fernando Ramos, 21/07/2014. Cacau “:¬)
Já faz algum tempo que nada escrevo sobre o samba em Natal.
Essa é uma escolha quase que compulsória; formar opinião em nosso país, longe
de esclarecer alguma coisa, acaba por causar conflitos. Nosso povo não foi
educado para ser autárquico e autônomo; ao contrário, qualquer tipo de
discussão é rapidamente conduzida para o escopo do pessoal. Porém, mesmo que
seja a contra gosto, principalmente dos desafetos, tenho que voltar à tona com
minhas observações sobre o samba em Natal.
Confesso não saber da origem de um novo modismo que tenho
ouvido dos lábios das pessoas que curtem e tocam samba em Natal. A frase é um
tanto quanto sucinta, mas “repleta” das tendências reducionistas, minimalistas
e pragmáticas, próprias da cultura de massa que, segundo alguns sociólogos,
possui como característica principal a alienação das pessoas. A essa altura
você já deve está se questionando: mas que frase é essa afinal? “TUDO É SAMBA!” Essa é a frase! Simples,
sucinta, politicamente correta; mas, acreditem, super mal intencionada!
Sociólogos afirmam que a cultura de massa é produzida por
determinados profissionais que geralmente não pertencem às classes mais populares;
é dirigida pela demanda, passando, necessariamente, pelos modismos
circunstanciais; é feita para um público semiculto e passivo; visando somente o
entretenimento como forma de passar o tempo.
Corroborando com o que dizem os sociólogos, vejo-me na
obrigação de redigir esse ato de desagravo em favor do verdadeiro e bom samba.
Ele, certamente, recebeu e promoveu influências várias, é fato! Mas isso não
implica que o mesmo não possua uma cara, uma forma, uma definição, um ritmo,
uma poesia!
Por isso discordamos veementemente dessa nova abominação, mutilação
e descaracterização que querem imputar ao velho e bom samba. Só confundem o
samba, ou se confundem com o samba, aqueles que usam desse estilo para
interesses particulares! Nunca vi um verdadeiro sambista confundido, só
encontro alguns músicos iludidos!
Os músicos que se intitulam sambistas nesta cidade deveriam
assistir menos Esquenta, programa dominical da Rede Globo de Televisão, e
ouvirem mais Cartola, Candeia, Jovelina, Ivone, Nelson Sargento, Martinho, J.
Aragão, Leci... Esses, ao invés de modas, emanam poesias! Cacau “:¬)