sábado, 11 de abril de 2015

POR QUE TODA UNANIMIDADE É BURRA?

(O pagode na berlinda)

Por: Claudio Fernando Ramos, 11/04/2015. Cacau “:¬)


Lembro-me, não faz tanto tempo assim, quando do meio de uma roda de “samba”, ou quase isso, de repente, sem ter porque, nem para quê, alguém saia com o tal do Pimpolho, Dança da Vassoura e por aí vai (a famigerada lista é imensa, cansativa e inócua, por isso dois desses casos já são suficientes); como os sambistas ficavam chateados (confesso que sempre fiz parte desse seguimento que se chateava). Hoje sou obrigado a admitir: bons tempos aqueles! Peço que me desculpem pela  corrosiva ironia, mas não vejo outra maneira de externar toda a minha frustração musical nesse país tão comezinho. Antes o que me deixava frustrado era ver e ouvir pseudos sambistas só tocando as infindáveis choradeiras do pagode, para conformar/confortar a maioria dos sofríveis corações femininos; hoje, por ruim que fossem, e eram, tornaram-se  mais que necessários. Inacreditável, mas é a mais pura verdade! Ainda não entendeu o que quero dizer? Serei mais claro! Ontem ia-se ao samba e só se ouvia pagode; hoje fique muito feliz se fores ao pagode e conseguires ouvir, não se espante, o lamentoso pagode! Isso mesmo, pagode; mais uma vez só para firmar: pagode;  uma última vez para não se equivocar: pagode! Insistem em chamar pagode de samba, e, o que é pior, nunca gostaram de tocar samba e agora começam a fazer o mesmo com o choroso pagode. O mais trágico não reside só nessas irracionais “músicas”que se ouve país à dentro, mas na unanimidade de gostos que se formaram em torno delas. Os industriais da cultura, uns dos segmentos responsáveis pela sistemática desumanização das massas, dizem que o Brasil é sertanejo/caipira. Deve ser por conta disso que ao invés de um país de cidadãos, pessoas que possuem e sabem cultivar a autonomia e que por isso, sabem fazer suas próprias escolhas; temos uma nação de Jecas, seres patéticos que não sabem como, o quê, nem o porquê daquilo que pensam ter escolhido. Agora eu sei, saudoso Nelson Rodrigues, o porquê de toda unanimidade ser muitíssima burra! Cacau “:¬)